Hoje o Bigmãe traz para vocês mais um artigo extremamente elucidativo de Yolanda Castillo (Doula, Terapeuta e Educadora perinatal) sobre as necessidades essenciais de uma mulher que se encontra em trabalho de parto. O que fazer para que a mulher sinta-se mais confortável e relaxada para poder dar à luz ao seu bebê? Descubra lendo o artigo completo abaixo.
Do que precisa uma mulher em trabalho de parto?
Quando as mulheres se juntam em reuniões ou grupos com temáticas relacionadas com a maternidade, sempre surgem situações mágicas. Depois de ouvirmos e partilharmos experiências de parto e pós-parto imediato, algumas mulheres que pensam em ter filhos ou que já estão grávidas, têm uma questão: Porque existe tanta diferença entre as experiências de parto de uma mulher para outra?
Mas esta pergunta ainda vai mais longe, do que precisa uma mulher em trabalho de parto?
Esta questão é uma das chaves de quando falamos de partos. Existem muitas classes de preparação para o parto, inclusive programas de meses, parece que é necessário ter uma preparação intensiva e exaustiva para o parto, como se se tratasse duma maratona. Mas não nos falam do que as mulheres precisam durante o trabalho de parto.
Para que possamos aprofundar e compreender as necessidades de uma mulher em trabalho de parto, é importante conhecermos alguns pontos específicos do nosso organismo. Como por exemplo, a adrenalina e a ocitocina, que são duas hormonas antagónicas, ou seja, se uma está presente ou com altos níveis, não há espaço para a outra.
Ambas estão presentes no parto, mas é necessário conhecê-las mais para compreender a sua gestão. A ocitocina, é conhecida como a hormona do amor, pelo que com esta breve descrição e tendo em conta que falamos de parto, é fácil de concluir que é esta a hormona que necessitamos segregar durante o parto. Deste modo os níveis de adrenalina são reduzidos.
Mas, Porque é que precisamos de reduzir os níveis de adrenalina?
A adrenalina é outra hormona, mas ao contrário da ocitocina, segregamo-la em situações de fuga, de emergência, de ansiedade, de stress; resumidamente, libertamo-la quando necessitamos sobreviver. Por isso, a adrenalina inibe a presença de ocitocina e por sua vez também inibe o trabalho de parto.
Outro factor que devemos conhecer para compreender as necessidades da mulher em trabalho de parto, é o cérebro, que além do mais, é um dos órgãos que nos diferencia dos outros mamíferos. Quando uma mulher está em trabalho de parto, precisa de reduzir a actividade neocorticoidal. Precisa que o cérebro pensante ou racional esteja em repouso; senão, uma vez mais, segregará adrenalina por causa do stress que gera pensando ou racionalizando a cada momento do parto, tentando controlar este processo. Isto provoca mais medo e stress na mulher.
O que podemos fazer para manter o neocórtex em repouso e não segregar adrenalina?
Existem ações ou situações que as estimulam, tais como o excesso de linguagem, luz intensa, sentir-se observada, a fome ou o frio.
Então, Do que precisa a mulher em trabalho de parto?
Intimidade é um fator importantíssimo. Sentir-se constantemente observada e controlada perturba e stressa a parturiente, assim como o toque físico inecessário ou que a mulher não deseja. Por outro lado, a redução da linguagem, ou ainda melhor, o silêncio, também é necessário. Quando falamos, estamos a ativar a atividade do neocórtex, é um estímulo que ele assimila, e recordemos que pretendemos todo o contrário.
A mulher que está em trabalho de parto e tem fome ou sede, deve poder comer, uma vez que a fome ativará o seu instinto de sobrevivência e isto o que provocará? Produção de adrenalina. A redução da luz e escuridão, já que a luz é um estímulo e também ativa o neocórtex, também é importante. Para além disso, com pouca luz segregamos melatonina, conhecida como a hormona da escuridão, e esta trabalha em sinergia com a ocitocina.
As mulheres precisam de calor, conforto térmico, por vários motivos. Um deles, é que o frio ativa o neocórtex e segregamos adrenalina, já que procuramos a forma de sobreviver a ele. Além do mais, com o frio aumentam as possibilidades de hemorragia.
Assegurar estas necessidades da mulher em trabalho de parto, para além da confiança da mulher em si mesma, no seu bebé e suas capacidades para parir, marcam a diferença nos partos e também na sua duração. Em regra geral, o stress, por não respeitar estas necessidades, tem como resultado partos mais longos.
Em muitas ocasiões as mulheres ou casais, perguntam-me porque faz sentido ou qual é a diferença de um parto com a presença de uma doula.
Depois de lhes falar sobre as necessidades básicas da mulher em trabalho de parto, gosto de lhes dizer que nós somos protetoras, guardiãs do espaço sagrado da mulher, para que estas necessidades sejam cobertas. Então a mulher, pode deixar-se fluir, conectar-se com o seu corpo, com o seu bebé e parir em paz; conectando-se à sua essência, transformando-se e empoderando-se.
Recordai que quando as mulheres estão em trabalho de parto, precisam de intimidade, empatia e confiança, para viver o parto em plenitude.
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Yolanda Castillo
Doula, Terapeuta, Educadora perinatal.
Centro.medicina.holistica2013@gmail.com
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