Quando nos casamos temos planos que incluem projetos de divisão de tarefas, bons momentos, afeto e crescimento. Excetuando-se casos pontuais, dificilmente alguém se casa pensando em uma possível separação. Após a quebra desses sonhos, é chegado o momento em que se constata que o melhor caminho será aquele trilhado de forma individual. Não mais planos, e nem aquele futuro pensado tempos antes. Há muitas dificuldades que envolvem a separação, e ser tomado por sensações de derrota e perda não são incomuns. Inevitavelmente chega o medo de estar sozinho e as indecisões de recomeçar do zero.
Neste momento, você irá se perguntar como lidar com essa nova realidade, e mesmo que seja a parte menos envolvida, não há como sair ileso, já que o fim e um consequente recomeço exigem uma energia extra. Vale lembrar que ao longo dos anos mudaram-se também as convenções sociais que indicavam papéis determinados para homens e mulheres. Muitos ainda sentem dificuldades em se adequar ao parceiro de uma maneira que seja justa para ambos e o número de casamentos vem caindo vertiginosamente.
Esse turbilhão de emoções tende a ser ampliado quando o casal tem filhos. Com eles, muitos casais tendem a adiar a tomada de decisão, e sem querer, causam um dano ainda maior: brigas e desentendimentos que causarão mais traumas do que a separação de fato. Como lidar nesse momento tão delicado?
Muitas mulheres tremem ao pensar em assumir sozinhas a responsabilidade na criação dos filhos. E esse não é um medo incomum, já que a ausência do pai sempre foi um fantasma presente em muitas as famílias brasileiras. E esse número vem se ampliando a cada dia. Estatisticamente são poucos os pais que permanecem ativamente acompanhando o crescimento de suas crianças. Segundo dados do IBGE, entre 2000 e 2010 houve um aumento significativo no número de mães solteiras, e cerca de 37,3% das famílias passaram a ser chefiadas apenas por mulheres.
Esse momento delicado exige atenção de todos, principalmente quando houver disputas com relação à guarda dos filhos. Algumas crianças podem desenvolver sentimentos contraditórios sobre os pais e sobre si mesmos, trazendo para si as responsabilidades da separação e da manutenção psicológica dos seus progenitores. Sabemos o quanto é difícil a tomada de decisões, mas o melhor caminho é optar por uma separação amigável e que inclua projetos acerca da guarda. Se não há como manter a convivência no mesmo lar, há de se investir em meios para que uma relação pacífica seja estabelecida.
O ex-casal deve firmar uma parceria que envolva dedicação e ajuda mútua, tendendo minimizar os efeitos da separação nos pequenos. A palavra de ordem é a transparência. Os filhos devem ser avisados sobre a situação, e qual rumo foi escolhido pelo ex-casal, frisando-se sempre o quanto são especiais para ambos. Isto fará com que eles se sintam amados e acolhidos. Atualmente a justiça incentiva a guarda partilhada, devendo o casal decidir qual o melhor caminho, ritmo de visitas, partilha de casas e informar aos filhos menores sobre sua decisão. Tudo deve ser feito às claras, sem subterfúgios, deixando um canal aberto para que eles também possam se expressar. A escola e parentes também devem ser informados e brigas evitadas.
Outra atitude fundamental é unir forças, mesmo sendo difícil. Evitar falar mal um do outro contribuirá para um desenvolvimento sadio de seus filhos, que não se sentirão forçados a escolher um lado. É importante manter a calma e também não se sentir responsável por traumas futuros. Como dissemos acima, o que mais causa prejuízos é a maneira como se lida com todo o processo e não a separação em si. Nesse momento é preciso unir forças e buscar uma relação saudável. Mas se não conseguirem lidar com esse momento, há sempre a ajuda fundamental de um bom profissional que auxiliará a família nesta nova caminhada.
** Texto de autoria de Kaio Emmanuel Farias em colaboração especial para o Bigmãe.
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