Hiperactividade é um tema que muito me preocupa e que atrai a minha atenção por observar que nos dias de hoje toda e qualquer criança que destoe do comportamento esperado normal é automáticamente rotulada de hiperactiva. Juntamente com o rótulo ou “diagnóstico” de hiperactividade vem as toneladas de remédios utilizados com o objetivo de “acalmar” a criança.
Como psicopedagoga sempre fui totalmente contra isso, por vários motivos, resumidamente porque acho que há vários caminhos alternativos antes de se tentar “domar” uma criança hiperactiva sem ser com medicamentos psicotrópicos. Por isso ao ler o artigo abaixo sobre esse tema, pedi autorização ao Grupo Correia Rosa, das Farmácias Rosa, Caldense e Santa Catarina para reproduzi-lo aqui no BigMãe. Acho de suma importância que pais e mães se conscientizem dos males que estes remédios podem ocasionar em seus filhos.
Hiperactividade e a utilização de medicamentos psicotrópicos
A hiperactividade na criança é muitas vezes confundidade com falta de concentração ou empenho e comportamento indisciplinado. Contudo, a hiperactividade é uma condição física que se caracteriza pelo sub-desenvolvimento e mau funcionamento de certas partes do cérebro, nomeadamente, os dois lobos frontais, que são responsáveis pela atenção, tomada de decisão, planeamento, organização, resolução de problemas, consciência e controlo de emoções. Existem 3 tipos de hiperactividade: Desatento , Hiperactivo-Impulsivo e a combinação deste dois tipos (Misto).
Existem vários tipos de tratamento para a hiperactividade em crianças que são eficazes a curto e a longo prazo e, já foi provado, que a melhor estratégia é a combinação de tratamentos, tais como: alimentação e suplementos, exercícios mentais e jogos específicos, exercícios físicos, psicoterapia e farmacoterapia, em que se utilizam medicamentos anti-psicóticos. O problema reside na crescente utilização deste tipo de medicamentos em monoterapia, ou seja, sem se recorrer aos outros tipos de tratamento. Em 2016, foram dispensadas 276 029 embalagens de Metilfenidato (ritalina), mais 30 000 do que em 2015.
A utilização prolongada deste tipo de medicamentos em crianças poderá afectar o sue desenvolvimento físico e cerebral, agravando a patologia inicial e causando dependência. Inicialmente a criança “sossega” e acalma e pára de “viajar” e de questionar. Com o passar do tempo, passa a ser um pequeno “zombie”, aparentemente mais concentrada mas também mais amorfa, sem vontade própria e sem capacidade de demonstrar e lidar com as suas emoções.
Para que as crianças de hoje se tornem adultos saudáveis no futuro é necessário que os diagnósticos deste tipo de doenças sejam cuidadosamente investigados para que deixe de ser uma doença banal e o tratamento deverá ser multidisplinar envolvendo pais, médicos e professores.
Ana Benedito (farmacêutica) e Dora Afonso (psicóloga) – Grupo Correia Rosa